A Rua

A RUA

Como foi difícil aquele dia, subir aquela rua, parecia sem fim, mas cheguei, virei a chave e abri o portão. Cheguei à porta da sala, virei novamente outra chave e entrei. Caminhei por cada cômodo, batia pequenas frestas da luz do dia, não tinha lâmpada em nenhum dos cômodos, tratei logo de ir varrendo já que estava tudo vazio, tudo, tudo, eu me sentia vazia no vazio que me adentrava, mas era preciso acabar logo, antes que tudo escurecesse.
Então fui acabando, poeira no chão misturada a pingos de água, deixaram marcas no piso claro, peguei um pano e fui passando. Enfim, chegou o momento de olhar, conferir cada cômodo.
Me peguei conferindo não cada lugar e sim cada  momento lindo que vivi, cada instante que me fez respirar diferente, e em cada lugar ficou uma lágrima de adeus.
Adeus ao cheiro do amor, adeus ao saber que não teria ninguém mais ali ao meu lado,  adeus ao meu recanto arrumado cada canto com tanto carinho, aquele cheiro entrando em minhas narinas, sentei no chão e chorei, chorei até secar as lágrimas. Eu não teria mais outro instante para dar adeus.
Creio eu que em qualquer tipo de relacionamento quando se existe o bem querer, não estamos preparados nunca para dar adeus, seja ele qual for, mas no meu caso foi preciso. Eu sentia uma dor, uma fisgada no peito, enfim, escuridão total, já não poderia ficar e nem voltar.
Aos poucos, recuperando minhas forças, a escuridão já tomava conta do lugar, levantei-me do chão, sai, fechei a porta, o portão e um último adeus: sabia que ali não teria nunca mais um motivo para voltar.


            Edmary  14/05/2015

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