GRATIDÃO A AMÉLIA

Estou a pensar há alguns dias de como ainda tenho boas nostalgias a serem contadas, para mim isso é um prazer escrever de pessoas que marcaram a minha vida e a de tantos outros.
Assim, veio-me a grande vontade de homenagear uma mulher amável, de um nome que lembra até uma música: Amélia – “Amélia que era mulher de verdade, Amélia não tinha menor vaidade”. Sim, minha tia-avó Amélia, é sobre ela que escrevo o quanto representou na vidas de muitas pessoas.
Pequenina veio da Itália, de uma cidade chamada Gênova, com seus pais: meus nonos, Eurico e Olga, suas irmãs Maria e Elizabete – minha avó a quem sempre me refiro de Coração Ruivo. Fez-se crescer, aprendendo a costurar para ajudar nas finanças da casa. Sempre com grande bondade aprendeu a fazer de tudo um pouco.
Casou-se com Antônio e assim começou a construir uma vida. Teve seis filhos: Ismael, Marlene, Eurico, Marli, Nelson e Marisa. Mesmo com os filhos, com as obrigações de esposa, jamais desistiu de outros. Essa mulher nunca teve limites: cuidou dos filhos, de sua querida mãe, de seu esposo. Um exemplo foi sobre minha avó: sempre que pode a ajudou, pois das irmãs era a que mais necessitava.
Há poucos dias minha mãe contou-me algumas passagens da vida dela na vida de Amélia. Como madrinha de minha mãe procurava fazer de tudo para agradar e sempre que costurava um vestido para uma das filhas, fazia um de cor diferente para minha mãe. Minha mãe a amava muito, sofreu muito com a perda de sua madrinha que considerava uma segunda mãe.
Lembro-me, em minha infância, de quando ia passear em sua casa e, meu tio avô Toninho, nome carinhoso por todos, tinha um quartinho de ferramentas e permitia que brincássemos lá. Para mim era festa, alegria de criança.
Quando eu entrava na casa de minha tia eu sentia cheiro de amor! Aí se pergunta se amor tem cheiro... Sim, para mim tinha. Era algo diferente, a alegria dela nos contagiava. Colocava o avental e já corria fazer uma bela macarronada, aquele queijo ralado na hora. Lembro-me dos sorrisos, de como ali existia amor entre filhos, o cheiro era aconchegante; abraços: confesso que não tinha vontade de ir embora.
Mulher linda, carinhosa, que nos abraçava, nos beijava, com tanta simplicidade que só Amelia teria. Nunca vi uma tristeza, quando conversava sobre algum problema, sempre tinha uma palavra de conforto e de fé em Deus, que deveríamos de ter.
Tia, quanta saudade você deixou, quantos presentes deixou, a união da família; teve vinte netos e amou cada um, cumpriu seu papel, nunca mostrou cansaço, cada vez que nos via tinha uma pequena lembrança para nos dar e essas lembranças não tem preço.
Há pouco tempo tenho conversado com um de seus netos, Douglas, e pude de certa forma vivenciar o seu amor novamente com quarenta e oito anos. As lembranças aumentaram. O amor e a saudade dele pela avó... Tudo demonstra que nada do que escrevi aqui não seja real.
Ele tem uma herança dela: uma máquina de costurar que ele sempre pediu a ela antes dela partir. Acredito que nunca será vendida, talvez passada para a próxima geração.
Hoje tenho gratidão a Deus que permitiu que minha tia-avó Amélia fizesse parte de nossas vidas, depois a ela mesma por ter trazido tanto amor, por ter deixado tanto amor. Deixou uma herança que não tem preço: humildade, caráter, simplicidade. Deixou muitas coisas boas guardadas em nossa caixinha do pensamento, e sempre que abrir esta caixinha quero encontrá-la para poder tentar ser um tiquinho da mulher Amélia. 

08/02/2015 Edmary