SUPERAÇÃO
Passando
em uma rua próxima a minha casa avistei um pé de caju, já faz alguns meses,
cheio de cajus. Uma das coisas boas de morar no interior é ter este privilégio.
Todos os dias eu passava e olhava as mudanças, mas uma coisa não me agradou:
observei que ele não crescia quase e suas folhas estavam feias, logo percebi
que era a falta de chuva.
Mesmo
assim sempre que passava, olhava e torcia para que ele desenvolvesse. Em uma
tarde, graças a Deus, veio uma chuva muito forte, com ventos, trovões e raios.
Que bom! Pois é uma das necessidades maiores que no momento estamos precisando.
Quando
no outro dia passei não tinha nenhum caju, olhei para o chão e vi que todos
estavam caídos: não aguentaram a tempestade. Fiquei chateada, mas feliz pela
chuva.
Como
é parte do caminho que faço para o trabalho, passo todos os dias no mesmo
lugar, tenho o hábito de observar tudo, principalmente a natureza. Faz um mês
que passei e observei que o pé de caju estava cheio de flores, algo que na
primeira vez não aconteceu, flores lindas, pude contemplar alguns cajuzinhos
renascendo, lembrei-me de duas partes da vida.
Uma
historia interessante é da águia que para poder viver seus aproximadamente
setenta anos precisa de ter muita resistência. Até os quarenta anos vive e consegue
fugir de seus predadores, sendo que também consegue sobreviver pegando suas
presas. Das unhas, do bico, de suas asas é que ela supera as adversidades, mas
então chega a idade “quarenta anos“, seu bico longo não consegue pegar mais
suas presas, suas unhas também longas curvam-se para baixo e suas penas já
estão tão pesadas que seu voo pleno, magnífico, já não encanta.
Assim,
a águia precisa escolher ficar como está e morrer a qualquer momento, ou ela
vai para um lugar bem alto para fugir dos predadores e ali fica por cento e
cinquenta dias. Sim, ela fica em alguma montanha bem alta e ali começa a sua
metamorfose, a primeira começa com doloridas batidas do bico contra a rocha, assim
ele se rompe e começa a surgir um novo bico, com o bico novo ela começa a
arrancar as unhas para que nasçam novas, e, por último, com bico novo e unhas
novas ela consegue arrancar suas penas envelhecidas e esperar renascer novas. Assim,
após sua mudança, ela está pronta para voar e, das cinzas, surge uma águia toda
pomposa, suntuosa, merecidamente.
Assim
penso em outra parte de vida, “da nossa vida“. Passamos por momentos que por
muitas vezes achamos que não vamos suportar, medos, angústias, tristezas,
decepções, verdadeiras tempestades. Às vezes, alguém até chega a dizer que após
a tempestade chega a bonança, sabemos disso, mas a espera é longa, desânimos,
pensamos em tomar decisões precipitadas, muitas vezes pensamentos até ruins
começam a tomar conta, a tempestade continua, até nossa fé parece que se foi,
cobramos de Deus. Por quê? Assim, nossos caminhos vão acontecendo, começamos a sorrir
em plena escuridão, o que antes vinha da alma.
Mas,
ainda bem que muitos perseveram e agem como o pé de caju, a metamorfose da
águia, deixamos que a tempestade se transforme em chuva para se renascer, que
as partes que precisamos cortar são decisivas. Mas para o nosso bem, se
quisermos viver mais e parar de nos arrastar, algo incrível começa a mudar e de
repente vimos que tudo que antes de bom existiam estão no mesmo lugar, pessoas
que nos amam, amigos que nos querem bem, o trabalho, os prazeres que antes não
se enxergava estão lá. Saibam, meus queridos leitores, muitas vezes colocamos
um venda nos olhos, não queremos enxergar o que é ruim, não deixamos a chuva
levar, essa chuva é aquele a quem perguntamos, por quê? Sim, Deus.
Ele
nunca nos deixa. Ele está nos momentos de alegria e nos momentos de tristezas.
Ele não nos desampara; é Ele quem mostra o que é ruim, mas nossas vendas nos
deixam cegos e, se não tomarmos cuidado, ficamos naquela mesmice, naquela lama,
que vamos ao longo da nossa vida fazendo e não renascemos, nos acostumamos com
o desnecessário.
Assim
me lembro de uma música, É PRECISO SABER VIVER, composta por Roberto Carlos e
Erasmo Carlos: “se o bem ou o mal existe
você pode escolher...’
Acredito
que certos momentos em nossas vidas servem de aprendizado, de superação de nós
mesmos e assim quem sabe podemos passar dos quarenta, chegar aos setenta ou mais,
ou deixarmos florescer aquilo que está guardado em nosso jardim oculto.
Superar
sempre é um dilema que devemos viver no cotidiano. Enfim, eu escolho
sobrelevar-me a tudo e se precisar a todos. E você?
04/07/2015
Edmary
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